Uma nova visão de agricultura rentável e sustentável

Uma nova visão de agricultura rentável e sustentável

Francisco García Verde, responsável de Sustentabilidade da Syngenta, faz o balanço dos primeiros três anos do The Good Growth Plan em Portugal. O compromisso da Syngenta para tornar as culturas agrícolas mais eficientes, respeitando o ambiente e as pessoas.

A Syngenta iniciou, em 2014, o The Good Growth Plan. Qual é o objetivo deste projeto?

Através do The Good Growth Plan, a Syngenta põe em prática uma nova visão da empresa para uma gricultura rentável e sustentável. O The Good Growth Plan assenta em três pilares de sustentabilidade, estabelecendo compromissos para cada um desses pilares. O primeiro pilar visa tornar as culturas agrícolas mais eficientes, é um tema que faz parte do dia-a-dia da Syngenta, está na nossa génese colocar novas tecnologias à disposição dos agricultores, com o objetivo de tornar as culturas mais eficientes, sem perder de vista o meio ambiente e as pessoas, que são tema do segundo e terceiro pilares deste Plano. No pilar ambiental assumimos dois compromissos: um relacionado com a biodiversidade, que é o grande desafio da Política Agrícola Comum (PAC). Neste âmbito temos um projeto muito ambicioso: o Operation Pollinator. O outro compromisso é com a recuperação dos solos e a monitorização da qualidade da água. A perda de solo e a necessidade de conservar as atuais zonas agrícolas, sem aumentar a concorrência com os recursos ambientais, são grandes desafios do setor agrícola. No pilar social, o principal objetivo é fomentar o uso seguro dos nossos produtos e, por isso, a formação é uma prioridade no âmbito do The Good Growth Plan.

Desta forma, a Syngenta quer contribuir para dar resposta ao problema da crescente procura por alimentos nos próximos 40 anos, devido à explosão demográfica, prevista pela FAO? 

Sem dúvida, com o primeiro pilar queremos dar resposta à crescente procura de alimentos prevista no médio prazo. Queremos tornar as culturas agrícolas mais eficientes, respeitando o ambiente e as pessoas. É aí que surgem os outros dois pilares do Plano: o pilar ambiental e o pilar social.

Quais as regiões mais afetadas pela degradação dos solos?

A recuperação do solo é um dos pilares mais relevantes do Plano e, por isso, lhe dedicamos um grande esforço. A perda ou degradação do solo são problemas sérios, pois o solo é o substrato que sustenta as plantas, é um meio pleno de vida e que dá vida às plantas. Quando um solo se degrada são necessários milhares de anos para o recuperar. Em Portugal, sobretudo na região Sul, os números relativos à perda de solo são preocupantes, a média é de 23 toneladas/ano.

Como é que o The Good Growth Plan dá resposta à degradação dos solos?

Pensamos que o futuro passa pela Agricultura de Conservação. O nosso compromisso é contribuir para aplicar este conjunto de técnicas agronómicas – mobilização mínima do solo, sementeira direta, enrelvamento do solo em culturas permanentes (vinha, fruteiras) -, a uma maior área agrícola. Entre Setembro de 2014 e Setembro de 2017, implementaram-se em Portugal 21.771 hectares de Agricultura de Conservação, entre sementeira direta e enrelvamento. O trabalho realizado pela APOSOLO – Associação Portuguesa de Mobilização de Conservação do Solo foi indispensável para atingir este resultado. A Syngenta colabora diretamente com esta Associação e, indiretamente, através da Federação Europeia para a Conservação do Solo, promovendo o estabelecimento do enrelvamento ou cobertura do solo com misturas de sementes, entre outras ações.

A atual PAC, mais verde, está a contribuir para atingir os objetivos da agricultura rentável e sustentável?

A Política Agrícola Comum (PAC), através do Greening, é sem dúvida um passo em frente na melhoria da relação Agricultura-Ambiente. Porém, talvez ainda assim seja pouco ambiciosa, devido à complexidade da mudança. Antevê-se que com a revisão da PAC pós-2020 os aspetos ambientais sejam reforçados. Esperamos que as medidas agro-ambientais sejam um pilar fundamental nesta mudança e que todos juntos consigamos criar mais valor à agricultura europeia.

Surpreende pela positiva que uma empresa de produtos fitofarmacêuticos diga que a Comissão Europeia foi pouco ambiciosa na componente ambiental da PAC…

Por exemplo, nas medidas de proteção do solo podemos ser mais ambiciosos. Estamos absolutamente convictos dos benefícios das medidas da Agricultura de Conservação. O enrelvamento e a sementeira direta melhoram a estrutura do solo, preservando a matéria orgânica, e evitam a lixiviação, prevenindo fontes pontuais de contaminação da água. São técnicas benéficas para todos e que zelam pelo futuro do setor.Valdivia Equium vulgare o viborera y Anthophora polinizando

Fale-nos do projeto Operation Pollinator e de como contribui para o incremento da biodiversidade…

O Operation Pollinator é um projeto em estreita parceria com os agricultores, incentivando-os a estabelecer margens funcionais nas suas parcelas agrícolas para que os insetos polinizadores (abelhas selvagens, dípteros, etc) e outros insetos auxiliares (joaninhas ou crisopas) possam aí encontrar um habitat (alimento e refúgio). Estas margens funcionais são corredores verdes com 1,5m a 5m de largura, que alternam com as culturas agrícolas, ocupando 3% a 6% da área da parcela. Também podem ser instaladas em zonas marginais das parcelas agrícolas. A Syngenta criou uma mistura de sementes para semear nestas margens, usamos espécies autóctones e diversas, fáceis de semear e de manter pelos agricultores. Houve a preocupação de selecionar espécies que mantenham o coberto vegetal florido pelo maior tempo possível, para atrair os insetos polinizadores e auxiliares. Outro requisito é que as espécies de sementes compitam com as infestantes e não sejam invasoras das culturas, nem sequer reservatórios de pragas.

 

Que resultados obteve a Syngenta com o Operation Pollinator em Portugal?

É um projeto que nos está a surpreender pela positiva, em poucos anos conseguimos resultados incríveis. Em 2016/2017 identificámos um total de 132 espécies de insetos, dos quais 115 são espécies polinizadoras e 42 espécies predadoras de eventuais pragas. Também identificámos 14 espécies novas em Portugal. Uma verdadeira surpresa para o Operation Pollinator! Isto prova que se pode fazer uma agricultura competitiva e compatível com o meio ambiente, preservando a paisagem natural envolvente. Recentemente assinámos um contrato com a empresa Fertiprado para que seja o nosso fornecedor de sementes para as misturas de sementes do Operation Pollinator.

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Estas margens funcionais contam para efeitos de apoios no âmbito da PAC?

A regulamentação comunitária reconhece estas margens funcionais como áreas de interesse ecológico, inseridas nos apoios do Greening. No entanto, em Portugal, as margens funcionais não estão previstas como medida específica no âmbito do PDR2020, pelo que os agricultores interessados em adotar este tipo de boas práticas têm alguma dificuldade no momento da elaboração da candidatura aos apoios. Sabemos que as entidades oficiais portuguesas estão muito recetivas ao Operation Pollinator, é um projeto que reconhecem e apreciam. Temos noção que é necessário implementar as medidas e avaliar o seu impacto. Em Itália, por exemplo, as margens funcionais são reconhecidas e apoiadas através de medidas específicas no âmbito do programa de desenvolvimento rural (PDR). Ao que sabemos a futura reforma da PAC reconhecerá estas medidas.

Resta-nos falar do pilar social do The Good Growth Plan…

Em Portugal centramos o pilar social na questão da proteção dos aplicadores. O nosso foco é a melhoria da informação e da formação, para que os tratamentos sejam realizados de forma totalmente segura, respeitando as recomendações dos rótulos dos produtos. A Syngenta pôs em marcha uma campanha de sensibilização sobre o uso seguro dos produtos fitofarmacêuticos, suportada por um vasto pack de informação que está acessível a todos. Produzimos diversas apresentações sobre temas relacionados com o uso seguro dos produtos, que passa a mensagem de forma clara, resumida e eficaz. Trabalhamos em estreita colaboração com a ANIPLA, nas suas campanhas de informação sobre uso seguro, e em particular no seu projeto Smart Farm, uma quinta modelo instalada há cerca de um ano na Companhia das Lezírias, e já visitada por 440 pessoas. Outro aspeto chave é a calibração e regulação dos equipamentos de aplicação, formamos especialistas, que por sua vez formam e difundem o conhecimento aos nossos clientes. Desde o início do The Good Growth Plan, há três anos, chegamos direta, ou indiretamente através da ANIPLA, a 4263 pessoas com estas ações de formação.

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Qual é o balanço do The Good Growth Plan? Quais os objetivos para os próximos anos?

Nestes primeiros três anos lançamos novos produtos para proteção das culturas e novas variedades de sementes que incorporam algum tipo de resistência ou tolerância a pragas e doenças. Com estas soluções contribuímos para melhorar a produtividade das culturas agrícolas. No segundo pilar, o ambiental, conseguimos a colaboração de parceiros chave no fomento da biodiversidade, instalando margens funcionais em mais de 146 hectares. No que respeita ao solo, contribuímos para melhorar 21.771 hectares. No terceiro pilar, o social, formamos quase 4.500 agricultores. Tudo faremos para conseguir mais e melhores resultados nos próximos anos.

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