«Propomos uma reflexão sobre soluções inovadoras na produção de alimentos»

«Propomos uma reflexão sobre soluções inovadoras na produção de alimentos»

Felisbela Campos, Presidente da ANIPLA, diz ser fundamental e urgente o acesso a soluções que controlem pragas e doenças emergentes na Europa.

Felisbela Campos é portfolio manager de sementes de milho e girassol da Syngenta para a Península Ibérica
Felisbela Campos é portfolio manager de sementes de milho e girassol da Syngenta para a Península Ibérica

Quais são as prioridades do seu mandato na presidência na ANIPLA?

Em 2017 propomos uma reflexão sobre a disponibilidade de soluções inovadoras e tecnológicas na produção de alimentos e a sua responsabilidade na melhoria e desenvolvimento da atividade agrícola nacional. A agricultura mundial enfrenta hoje em dia um grande desafio que é assegurar os alimentos a um determinado número de pessoas que se prevê que venham a habitar o planeta (mais de 9,7 mil milhões de pessoas, em apenas três décadas) e que só se poderá fazer à custa do aumento das produtividades das culturas, sem expandir a área de terra cultivada e num contexto de rentabilidade económica imprevisível, dada a volatilidade dos mercados internacionais com que os agricultores são confrontados hoje em dia. Satisfazer as exigências dos consumidores no que respeita à segurança, qualidade e diversidade de alimentos, acessíveis a todos, requer a adoção de recursos tecnológicos e científicos que permitam otimizar e proteger os recursos naturais.

 Na UE, os produtos fitofarmacêuticos demoram em média mais 3 anos do que o previsto pela legislação a ser homologados. Que impacto tem esta questão na agricultura?

A introdução de novas tecnologias desde sempre despertam o interesse dos políticos, dos meios de comunicação e da sociedade em geral, o que por vezes no sector agrícola não é percebido como um avanço tecnológico. São disso exemplo os organismos geneticamente modificados, uma inovação tecnológica introduzida há mais de duas décadas que não se desenvolveu na Europa por razões políticas, assim como, mais recentemente, a tecnologia de tratamento de sementes associada aos neonicotinóides, entre outros. É fundamental e urgente o acesso a soluções no combate às novas pragas e doenças que entraram recentemente na Europa, e algumas delas em território português, em resultado da globalização.

 Em 2018, o Ministério da Agricultura terá que apresentar a Bruxelas um novo Plano de Ação Nacional sobre Uso Sustentável dos Produtos Fitofarmacêuticos. O que é prioritário em sua opinião? Que contributo pode dar a ANIPLA para este Plano?

É prioritária a discussão a nível nacional sobre as oportunidades e as dificuldades identificadas nas várias áreas ligadas à produção de alimentos e mais especificamente no que se refere à utilização dos produtos fitofarmacêuticos. É revelante iniciar o debate sobre a perspetiva económica e social de um setor ao qual são exigidas constantes adaptações. Exemplo disso são as diferentes políticas agrícolas introduzidas nos últimos anos, assim como um enquadramento regulamentar europeu cada vez mais restritivo e conservador, completamente desfasado dos restantes continentes,  agravado pelo facto de desenvolvermos a nossa atividade agrícola num país pequeno e diverso, competindo a nível mundial com grandes potências agrícolas, cuja regulamentação é mais pragmática e baseada no risco e não no perigo potencial. Não podemos deixar de enquadrar a nossa atividade num ambiente de consumo extremamente exigente, que em muitas situações obriga os agricultores a produzirem dentro de padrões muito mais complexos e dispendiosos, que em nada aumentam a segurança e a saúde do consumidor.

Ação de rua da campanha "Considere os Factos" no Porto
Ação de rua da campanha “Considere os Factos” no Porto

A ANIPLA lançou a campanha “Considere os Factos”. Qual tem sido a reação do público à campanha?

Pela primeira vez a Indústria vem para a rua falar sobre os produtos fitofarmacêuticos e alertar os consumidores para a os riscos que a produção agrícola nacional corre caso sejam retirados do mercado alguns destes produtos. A Campanha está a correr bastante bem e temos tido bastantes interações especialmente ao nível da redes sociais. Alguns dos comentários revelam opiniões contrárias às da Indústria, mas olhamos para estas situações como uma oportunidade de esclarecer, informar e disponibilizar ainda mais informação para que finalmente os consumidores possam começar a decidir com base em dados concretos. Também as ações de rua e a nossa presença em alguns meios de comunicação, como foi o caso da TSF, tiveram um impacto positivo, na medida em que a Anipla recebeu algumas chamadas telefónicas dos ouvintes,  na sequência dos spots de rádio emitidos, a solicitar informação adicional sobre a informação que ouviram na rádio. A Campanha foi lançada em Abril e como todas as campanhas de comunicação e informação, leva o seu tempo para podemos ter uma noção mais concerta do seu efetivo efeito, por isso a nossa intenção é continuar a informar, a esclarecer e o mais importante a desfazer certos mitos e mal entendidos sobre o verdadeiro papel da ciência na produção agrícola.

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Fonte: Revista “FitoSíntese” Julho 2017, ANIPLA

https://www.anipla.com/docs/fitoflash/fito06.pdf

https://www.anipla.com/considere-os-factos/index.php

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