O desafio: resíduos zero em agricultura
O nosso colega Pedro Arranz, Responsável de Comunicação Corporativa da Syngenta para a Península Ibérica, foi entrevistado pela Revista Mercados para falar sobre resíduos zero em agricultura.
Reproduzimos a entrevista na integra onde podem ver que as práticas de agricultura sustentável são uma tendência que os consumidores atuais procuram e para alcançar essa sustentabilidade são necessárias inovações tecnológicas.
Perante o desafio de atingir a meta “resíduos zero”, quais são as soluções de que o setor dispõe? E qual é a procura?
Antes de mais é extremadamente importante abordar de forma prudente o conceito “resíduos zero”. É sem dúvida um excelente slogan comercial, muito utilizado como ferramenta de Marketing para o consumidor, que como sabemos desconhece a realidade agrícola e o quão difícil é cultivar e colher os frutos. O conceito “desafio resíduos zero” gera em si mesmo uma perceção errada e generalizada de que atualmente não temos um nível de segurança alimentar adequado. É sem dúvida uma terminologia que não reflete a realidade de nenhum tipo de agricultura atual, onde a gestão integrada de diferentes tecnologias (proteção química, melhoramento genético, controlo biológico, agricultura de conservação) é a base da garantia de qualidade e segurança alimentar.
97,4% dos alimentos consumidos na UE cumprem os Limites Máximos de Resíduos. Os números relativos a Portugal mostram que a percentagem de produtos totalmente livres de resíduos é de 49,7% (relatório da DGAV “Controlo Nacional de Resíduos de Pesticidas em Produtos de Origem Vegetal no ano de 2017”). Sem dúvida que estes números confirmam o esforço dos produtores agrícolas em produzir frutas, hortícolas e cereais ótimos quanto à qualidade e segurança alimentar, para responder às exigências crescentes dos consumidores.
A pior ameaça são as alterações climáticas, com o aumento das temperaturas médias as culturas agrícolas estão sujeitas a maior stresse e mais ataques de pragas e doenças, por isso devemos apostar na bioestimulação e em variedades tolerantes. A Syngenta está a trabalhar nesse sentido? Como conseguir manter a produtividade por hectare?
Recentemente a Syngenta anunciou um investimento de 2.000 milhões de dólares nos próximos 5 anos em projetos de inovação para ajudar a combater os efeitos das alterações climáticas. O compromisso da empresa é acelerar a inovação para lançar duas tecnologias disruptivas por ano.
Trabalhamos para inovar, combinando tecnologias de melhoramento genético, proteção química e biológica e práticas de agricultura de conservação que proporcionam uma maior produtividade por hectare, consumindo menos recursos. Desta forma já dispomos de variedades com maior vida de prateleira, que permitem reduzir as perdas no campo e minimizar o desperdício ao longo de toda a cadeia alimentar.
Como crê que se pode resolver este tema no futuro e que passos há que dar para manter a produção agrícola?
Não se trata apenas da perda de substâncias ativas, mas também a dificuldade em lançar novas e melhores no mercado. E o mesmo se passa no campo da genética. Há demasiados anos que o desconhecimento sobre as vantagens e a necessidade da inovação química e genética provoca pressão social e política, levando a que se percam, ou não se lancem no mercado, novas e melhores tecnologias.
Sem uma mudança de perceção e, sobretudo, se for posta em causa a excelente segurança alimentar atual, não há solução.
Por último, não duvidemos que a sustentabilidade da agricultura atual reside na inovação tecnológica que permitiu atingir um nível de segurança alimentar nunca antes conseguido.
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