«Importa compreender a Natureza e fixar as pessoas ao Mundo Rural»

«Importa compreender a Natureza e fixar as pessoas ao Mundo Rural»

João Vasconcelos Porto, Diretor de Viticultura da Sogrape Vinhos, partilha com a Syngenta a sua visão sobre Sustentabilidade, numa abordagem global que envolve práticas e preocupações sociais, económicas e ambientais, onde o Conhecimento é a parcela vital da equação.

O “2016 International Award of Excellence in Sustainable Winegrowing” foi  o ponto de partida da nossa  conversa  com João Vasconcelos Porto. Este prémio foi atribuído à Sogrape Vinhos, em Fevereiro, reconhecendo a sustentabilidade dos negócios  da empresa, em concreto das marcas Casa Ferreirinha e  Sandeman, pelas suas práticas inovadoras capazes de minimizar impactos negativos na atmosfera, na água e nas áreas onde se inserem as vinhas, bem como pela qualidade dos vinhos produzidos e pela responsabilidade social da organização. O galardão é uma iniciativa do Botanical Research Institute of Texas (BRIT) que enaltece os produtores vitivinícolas mais empenhados em assegurar o desenvolvimento dos seus negócios, através da adoção de práticas de excelência de sustentabilidade nas áreas ambiental, económica e social.

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Quinta da Leda, Douro

«Importa compreender e respeitar a Natureza e trabalhar em sintonia com ela, porque a Natureza ganha-nos sempre e, de uma forma ou de outra, penaliza-nos  quando fazemos algo errado, nem que seja na geração seguinte», começa por dizer João Vasconcelos Porto, para quem Qualidade e Sustentabilidade são indissociáveis em Viticultura.

O Conhecimento do trinómio solo-clima-plantas é fundamental para alcançar o objetivo da Sogrape – produzir uvas e vinhos de qualidade – e nesta matéria a Viticultura de Precisão dá uma ajuda preciosa a vários níveis: análise de resistência e aplicação de protocolos de zonagem de solos em alta resolução para caracterização de Unidades Base de Terroir; gestão da informação em modelos SIG; deteção remota para análise e gestão de heterogeneidades de desenvolvimento da videira; ou ainda a leitura do potencial hídrico de base das videiras, com câmaras de Scholander. Este último método indica o estado hídrico da videira, através da análise de folhas colhidas em fase de repouso (em geral das 4h às 6h da manhã), uma informação importante para gerir a rega, dando às plantas apenas a água de que necessitam, na quantidade e no momento exatos.

O conhecimento e a antecipação da variável clima, através de estações meteorológicas instaladas na maioria das quintas da Sogrape Vinhos, complementadas por um serviço contratualizado de previsões climáticas quase “just in time”, é igualmente importante na programação das operações culturais das vinhas (adubações, rega, tratamentos fitossanitários) e no cuidado com a Natureza. ««Se tratarmos as vinhas no momento certo, trataremos menos vezes e de forma mais eficaz, com ganhos na qualidade das uvas e menor impacto na Natureza», reconhece João Vasconcelos Porto.

A Sogrape aderiu desde a 1ª hora ao programa Operation Pollinator
A Sogrape aderiu desde a 1ª hora ao programa Operation Pollinator

A Sogrape foi uma das primeiras empresas do setor vitivinícola em Portugal a aderir ao programa Operation Pollinator da Syngenta, instalando nas suas explorações agrícolas do Cima Corgo margens funcionais com plantas que servem de habitat às abelhas e outros insetos polinizadores. O que começou por ser uma experiência, tornou-se prática corrente em muitas das quintas da Sogrape, com vista à preservação e incremento da Biodiversidade.

Conhecimento é o principal desafio

O Diretor de Viticultura da Sogrape Vinhos acredita que o Conhecimento é o principal desafio da Viticultura duriense e considera que também na área da Sustentabilidade é preciso ir mais além,  quantificando o valor dos eco-serviços (taludes, margens funcionais, etc), definindo indicadores (pegadas de carbono, utilização da água, etc) e preservando o património vitivinícola secular da região.

Heliosec instalado numa das quintas da Sogrape no Douro. «É um sistema que nos dá garantias, porque a tela onde as águas residuais são depositadas é resistente aos ultravioletas, não precisando de ser renovada. Por outro lado, o Heliosec permite-nos poupar nos custos de transporte das águas residuais», João Vasconcelos Porto
Heliosec instalado numa das quintas da Sogrape no Douro

A Sogrape é membro fundador da PORVID, associação que procura proteger e recuperar castas autóctones em perigo de extinção. Nas suas quintas decorrem trabalhos de caracterização e seleção das castas Touriga Nacional  e Tinta Roriz, duas das mais importantes cultivares nacionais.

Porque a partilha de conhecimento é fundamental, a Sogrape integra a plataforma europeia de transferência de conhecimento Wine Network, onde estão representadas 10 regiões vitícolas e respetivos centros de investigação, universidades e empresas vitivinícolas. Mais recentemente, a empresa tornou-se membro fundador do Observatório Económico da Videira, criado pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

 «Evoluímos muito, mas há conhecimentos que precisamos de adquirir e aprofundar para desenvolver uma atividade ainda mais sustentável, que passa também pela vertente social, essencial para fixar as populações ao meio rural», defende João Vasconcelos Porto, dando o exemplo da política de sourcing da empresa:  «em anos de excesso de uva nunca por nunca recusamos as uvas dos nossos fornecedores. O único motivo que nos poderá levar à recusa é apenas justificado pela falta de qualidade das uvas, mas isso é uma exigência em todos os anos. O caminho é pela qualidade e temos uma responsabilidade social e económica para com os produtores rumo a essa qualidade», conclui João Vasconcelos Porto.

BI Sogrape

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Quinta do Seixo, Douro

A Sogrape Vinhos foi fundada em 1942 por Fernando van Zeller Guedes e é hoje liderada pela terceira geração da família fundadora.  Assume-se como uma empresa de cariz familiar e vocação internacional, focada na produção de vinhos de qualidade, na inovação e no desenvolvimento de marcas portuguesas de nível global. Atualmente a Sogrape Vinhos possui cerca de 730 hectares de vinha em Portugal, os quais se estendem na sua maioria pela região do Douro, mas também Alentejo, Bairrada, Dão e Vinhos Verdes.

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