Herdade do Sobrado investe em olival super-intensivo
A Sociedade da Herdade do Sobrado detém 1247 hectares de olival em Ferreira do Alentejo e integra um dos maiores grupos económicos mundiais do setor do azeite, com uma produção estimada de 120 milhões de quilos de azeitona laborados na campanha atual.
A história deste grupo empresarial remonta ao ano 2000, quando ocorreu a sua entrada no nosso país, com a aquisição de uma exploração no Alentejo. No ano de 2010 a Sociedade adquiriu a Herdade do Sobrado, nos Gasparões, em Ferreira do Alentejo, cujos primeiros olivais haviam sido plantados em 2004. Atualmente são sócios da empresa a família Martinez Sagrera e a empresa Agrogenil, que por sua vez é proprietária de outras herdades produtoras de azeitona para azeite no Alentejo.
Década e meia após o início da atividade, a Herdade do Sobrado é um dos principais produtores de azeite do país, contando com uma colheita excecional. «Em geral este foi um bom ano de azeitona, mas a Herdade do Sobrado está acima da média de produção na região, atingimos uma média de 15.500 kg/hectare», conta Carlos Sota, responsável de produção da empresa.
O sucesso da elevada produtividade dos olivais da Herdade do Sobrado deve-se em parte ao ano agrícola favorável, mas resulta sobretudo do profundo conhecimento agronómico dos seus técnicos e de uma adequada estratégia de proteção fitossanitária do olival. «Tentamos antecipar-nos ao aparecimento das pragas e doenças, realizando tratamentos preventivos, com os produtos adequados, à dose indicada e no momento exato», explica Carlos Sota.
A forma como esta exploração tem conseguido evitar os ataques de gafa é reveladora do zelo com que os olivais são geridos. «Hoje em dia as nossas oliveiras estão totalmente isentas de gafa, apesar de ser uma doença endémica nos olivais da região», reconhece, revelando como consegue controlar esta e outras doenças: «podar no período indicado é fundamental para que a oliveira complete o seu ciclo fisiológico atempadamente e também garante maior eficácia dos tratamentos fitossanitários, nomeadamente, dos fungicidas de contato, porque a copa das árvores está aberta e recebe melhor os tratamentos».
A Herdade do Sobrado integra produtos da gama Syngenta na sua estratégia de proteção do olival: «o Cuprocol é um dos produtos em que mais confiamos para prevenir os ataques de doenças, já no combate à mosca da azeitona um dos inseticidas que usamos é o Karate Zeon e no controlo de infestantes aplicamos o Touchdown, integrado com outras soluções de herbicidas», exemplifica Carlos Sota.
A empresa A. Cano Associados, S.A, distribuidor Syngenta no Alentejo, apoia-a na monitorização das pragas-chave da cultura – mosca da azeitona e traça – para determinar o nível económico de ataque. «A excelente logística da A. Cano ajuda-nos a realizar os tratamentos do olival no momento em que são necessários e isso é tão importante no resultado final como a qualidade dos produtos que aplicamos», reconhece Carlos Sota.
A totalidade da área de olival da Herdade do Sobrado é certificada em Produção Integrada e está em vias de obter a certificação com o protocolo internacional de Boas Práticas Agrícolas GlogalGAP (nos olivais e no lagar). Os cuidados diários na gestão da exploração revelam a preocupação da empresa em obter a máxima produção, sem no entanto perder de vista o bem-estar dos seus funcionários e a preservação do ambiente. São exemplo algumas práticas como o uso de tratores cabinados com filtros adequados para tratamentos fitossanitários; o uso de atomizadores de dupla turbina para melhor distribuição da calda no olival; o ajuste do volume de calda à especificidade dos produtos aplicados ou ainda o uso de bicos anti-deriva na aplicação de herbicidas. E porque o solo é o suporte de toda a vida do olival, é mantido o enrelvamento na entrelinha com corte mecânico das infestantes, o que beneficia a estrutura e o teor de matéria orgânica do solo.

Em 2017 a Herdade do Sobrado converteu 115 hectares de olival de intensivo para super-intensivo e vai prosseguir com novas plantações nesta modalidade em terrenos que venha a adquirir. «A nossa atividade é prejudicada pela falta de mão-de-obra disponível para efetuar a colheita da azeitona. Este é o principal fator que está a levar empresas como a nossa a preferir investir em olival super-intensivo, cuja colheita é totalmente mecanizada», reconhece Carlos Sota.
A dificuldade em contratar mão-de-obra eventual e em manter uma equipa estável e assídua para realizar a colheita é um problema muito sério que afeta a estabilidade das empresas agrícolas da região. Só a Herdade do Sobrado necessita de cerca de 300 trabalhadores eventuais no período de colheita.
Por outro lado, a elevada procura por terrenos agrícolas fez disparar o preço da terra no Baixo Alentejo. Um hectare de terra atinge valores bastante elevados, tanto para compra bem como para arrendamento, custo apenas comportável por culturas com retorno económico elevado, como é o caso do olival.
Apesar das contingências do negócio, Carlos Sota não tem dúvidas: «o olival é uma cultura rentável e com futuro. Atualmente no Alentejo é a opção cultural mais equilibrada e que garante um futuro com algumas certezas», porque o azeite não tem problemas de escoamento no mercado e é um produto que pode ser armazenado, permitindo reagir às variações de preço. «O preço atual do azeite está acima da média, mas mesmo quando baixar vai continuar a ser um produto rentável», acredita Carlos Sota.
«A Herdade do Sobrado tem uma estratégia de negócio assente na sustentabilidade económico-financeira. O investimento faseado que iniciou no olival super-intensivo, à medida que se agravam os problemas de mão-de-obra, é um excelente indicador da visão estratégica do grupo para cumprir os compromissos de fornecimento de azeite aos seus clientes no médio e longo prazo», Gaspar Pinto, gerente comercial da empresa A. Cano Associados, S.A, distribuidor Syngenta no Alentejo. Na foto à esquerda, acompanhado por Carlos Sota, (ao centro) e Eduardo Mendes, respetivamente, responsável de produção e responsável do lagar da Herdade do Sobrado, que tem capacidade para laborar 1,2 milhões de kg de azeitona diários e de armazenar 5,5 milhões kg de azeite.
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