«A alimentação nunca foi tão segura como é na atualidade»
Xavier Leprince, responsável de Sustentabilidade da Syngenta para a Europa, África e Médio Oriente, entrevistado durante o Fórum para o Futuro da Agricultura, em Bruxelas, a 9 de Abril.
A Syngenta anunciou que vai acelerar o processo de Inovação. Como vai levar essa Inovação aos agricultores?
Quando falamos de acelerar a Inovação também nos referimos ao tipo de inovação, porque os produtos para proteção de plantas, produzidos à base de moléculas químicas convencionais, devem evoluir em função de novos parâmetros (o solo, a capacidade de combater resistências, a eficácia, o custo por hectare, etc). A Inovação tem de responder às novas exigências da Sociedade e garantir que o agricultor possa comprar estes produtos em boas condições económicas. A Inovação na Syngenta passará também por desenvolver produtos biológicos, cada vez mais procurados, e pela Agricultura de Precisão, que ajuda a aplicar os produtos apenas no local exato dos campos agrícolas, no momento mais adequado e com doses mais reduzidas. Vamos continuar trabalhar para diminuir ainda mais os níveis de resíduos nas culturas agrícolas e no meio ambiente. Esta é a resposta da Syngenta às expectativas da Sociedade, depois de ter ouvido cerca de 150 entidades (clientes, ONGs, etc) sobre a forma como a indústria de proteção das plantas deve evoluir em termos de Inovação.
Quais foram principais as ideias que a Syngenta ouviu nessa consulta sobre Inovação?
A nossa consulta revelou que os consumidores querem soluções que respeitem mais o meio ambiente; desejam saber se os agricultores aplicam os produtos para proteção das plantas de acordo com as regras de segurança e estão preocupados com a questão dos resíduos dos produtos fitofarmacêuticos nos alimentos. Por outro lado, as entidades que ouvimos querem envolver-se, contribuir para um melhor futuro da Agricultura. Percebemos por isso que temos de criar novas parcerias para confrontar pontos de vista sobre Inovação em Agricultura e Alimentação. O Fórum para o Futuro da Agricultura, evento organizado pela Syngenta e a ELO-European Landowners Organization, anualmente desde 2008, e que este ano incluiu novos parceiros como o WWF- World Wide Fund for Nature, o The Nature Conservancy ou a Cargill, é um bom exemplo desse esforço de diálogo aberto e uma fonte de criatividade para a Inovação.
Pode citar alguns exemplos de como a Syngenta está a inovar no Sul da Europa?
No Sul da Europa disponibilizamos soluções integradas para proteção das culturas agrícolas, combinando fungicidas convencionais com tratamentos biológicos, o que permite diminuir os resíduos nos alimentos. A breve prazo vamos lançar na Europa novas moléculas para controlo de Botrytis cinerea, uma doença típica das vinhas do sul da Europa. Estes novas soluções, de aplicação praticamente única por campanha, são alternados com produtos biológicos, reduzindo assim os resíduos, nas uvas, sobretudo quando o tratamento é aplicado na fase de maturação do fruto. Mais do que inovações puras tratam-se de novos programas de proteção das plantas centrados na eficácia, na diminuição de resistências das doenças aos tratamentos e numa forte redução de resíduos.
A Syngenta lançou o seu primeiro bioinsecticida este ano em Portugal. Esse será o caminho no futuro?
Sim, sem dúvida. O futuro da proteção das plantas vai basear-se em 4 aspetos fundamentais: moléculas tradicionais com inovação associada; produtos de origem biológica; agricultura de precisão e sementes com resistência/tolerância a pragas e doenças. Os agricultores vão poder escolher entre diferentes soluções, tal como nós escolhemos conduzir um automóvel a gasóleo, gasolina, elétrico ou, no futuro, a hidrogénio.
Voltando ao exemplo da vinha, que é uma cultura agrícola muito importante em Portugal, o consumidor atual quer saber onde é produzido o vinho, se a terra onde as uvas crescem é preservada para o futuro e se o vinho é de qualidade (sabor e segurança alimentar).
O setor agrícola sente hoje em dia maior necessidade de comunicar com o consumidor?
A alimentação nunca foi tão segura como é na atualidade, mas há novas exigências e regimes alimentares cada vez mais diferenciados, como por exemplo o vegan. A nossa responsabilidade enquanto setor é procurar a forma equilibrada de alimentar a população mundial, preservando os recursos naturais. Creio que estamos a assistir a um novo modo de alimentação, mais responsável por parte dos consumidores, e a que os agricultores vão ter de saber dar resposta.
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